A foragida, o ajuste nas contas e os dois patetas
Semanalmente, os apresentadores mencionam as principais leituras que fundamentaram suas análises. Confira:
Conteúdos citados neste episódio:
Perfil de Paulo Guedes, por Malu Gaspar, na piauí.
Coluna de Bela Megale, para O Globo, que explica o que azedou de vez a relação de Bolsonaro e Zambelli.
TRANSCRIÇÃO DE ÁUDIO
Sonora: Rádio Piauí.
Fernando de Barros e Silva: Olá, sejam muito bem vindos ao Fórum de Teresina, o podcast de política da Revista Piauí.
Sonora: Agora, Procurador-Geral da República quer pedir minha prisão. Só tem um detalhe o deputado federal não pode ser preso a não ser em flagrante delito em um caso que seja não afiançado.
Fernando de Barros e Silva: Eu, Fernando de Barros e Silva, da minha casa em São Paulo, tenho a alegria de conversar com os meus amigos Ana Clara Costa e Celso Rocha de Barros, no Estúdio Rastro, no Rio de Janeiro. Olá Ana, Bem vinda!
Ana Clara Costa: Oi, Fernando! Oi, pessoal!
Sonora: A decisão política cabe ao Congresso. Não é dúvida. A última palavra é do Congresso. Mas nós estamos dando transparência para um problema.
Fernando de Barros e Silva: Diga lá, Celso. Casca de bala.
Celso Rocha de Barros: Fala aí, Fernando. Estamos aí mais uma sexta feira.
Sonora: The president already knows where Elon Musk stood on this bill. This is one, big, beautiful bill. And he’s sticking to it.
Fernando de Barros e Silva: Mais uma sexta feira. Vamos então, sem mais delongas, aos assuntos da semana. Abrimos o programa em busca da bolsonarista perdida. No lugar de “A Prisioneira”, de Marcel Proust, temos “A Pistoleira”. No lugar de “A Fugitiva”, temos “A Foragida”. Que nos perdoem os amantes da literatura, mas não vamos falar aqui de Albertine Simonet, a personagem do romance monumental de Proust, e sim de Carla Zambelli, abola da vez da chanchada brasileira. Já condenada pelo STF pela violação do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça, que foi hackeado a seu mando, a deputada fugiu do país para evitar a prisão e agora é oficialmente foragida da Justiça. Na última quarta feira, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República e determinou sua prisão preventiva, bloqueio de seus bens e passaporte e a inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha, ou verde e amarelo, da Interpol. Moraes foi além e determinou a exclusão das contas da deputada nas redes sociais e o rastreamento das doações que ela recebeu por PIX. As medidas contra Zambelli foram motivadas pela fuga é claro, mas também pelo comportamento da condenada que anunciou em entrevista que iria seguir os passos de Eduardo Bolsonaro, o que, trocando em miúdos, significa conspirar contra a democracia brasileira. O filho 03 do Jair, está nos Estados Unidos, licenciado de seu mandato na Câmara dos Deputados, articulando com aliados de Donald Trump uma cruzada contra o Supremo Tribunal Federal e, especificamente, contra Moraes. Lula classificou a atuação de 03 como um gesto terrorista e antipatriótico. A gente vai falar um pouco de tudo isso no primeiro bloco. No segundo bloco, a gente vai falar do governo. Uma pesquisa da Quaest divulgada nessa semana mostrou que a desaprovação a Lula segue alta, ela oscilou um ponto negativamente de 56% em março para 57% agora. Em meio a crise de popularidade, enquanto Lula está em Paris, em viagem oficial, o ministro Fernando Haddad costura a solução para a novela do IOF, o Imposto sobre Operações Financeiras, cujo aumento por decreto foi rechaçado pelo Congresso, que ameaçou derrubá lo. Na terça feira, Haddad participou do Encontros Piauí, em Brasília, que reuniu autoridades dos três poderes para discutir os rumos do país. E na entrevista que teve a participação da Ana Clara, o ministro disse que a crise do IOF foi “a melhor coisa que poderia ter acontecido”, referindo-se ao recuo parcial no aumento do imposto e às negociações em curso com Davi Alcolumbre e Hugo Motta para encontrar um conjunto de medidas que substituam o que se pretendia arrecadar. Tudo vem sendo costurado em sigilo até domingo, quando está prevista uma reunião do governo com os líderes dos partidos no Congresso. Enquanto isso, Haddad segura o desgaste e a Ana vai nos contar isso em detalhes. No terceiro bloco, nosso assunto é o governo Trump. Na última quarta feira, o presidente norte americano anunciou a proibição da entrada nos Estados Unidos de qualquer pessoa de 12 países, entre eles o Afeganistão, o Irã, a Líbia, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Somália, Sudão, Iêmen e Haiti, o único país das Américas. Haverá restrição parcial ao ingresso de cidadãos de outros países, entre eles Cuba e Venezuela. O decreto passa a valer a partir desta segunda feira. “Não vamos deixar que o que aconteceu na Europa ocorra nos Estados Unidos”, disse o presidente Trump. Além desse ato de xenofobia, com traços racistas e islamofóbicos evidentes, a gente vai tratar da crise entre Trump e o Mr. X, Elon Musk. Na semana passada, o bilionário que havia prometido cortar um trilhão de dólares em despesas deixou oficialmente seu cargo à frente do tal departamento de eficiência governamental depois de uma série de desgastes entre ele e o presidente em poucos meses de gestão. O Celso vai nos explicar melhor onde o bicho pegou e porque. No caso desses dois parece que vale aquela máxima: “o que um diz ou pensa do outro é verdade, mas não o que cada um pensa sobre si mesmo”. É isso vem com a gente.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem, Celso, vamos começar com você. Mas antes de te passar a palavra, eu queria destacar um aspecto. A nossa Albertine, como eu disse, a pistoleira e a foragida é uma espécie de tipo ideal do bolsonarismo. Os crimes que ela cometeu são a violação do sistema eletrônico, ameaça e perseguição a mão armada pelas ruas dos jardins contra um homem negro são crimes típicos da cartilha de delitos do bolsonarismo. Eu acho importante a gente falar isso, porque não se trata de uma personagem que se desviou do rebanho e decidiu delinquir por conta própria. Ela representava exatamente o que a turma que estava no poder pregava diariamente. Ela foi abandonada pelo bolsonarismo, é fato, mas não por ter traído a causa. Eu acho importante a gente deixar isso claro, porque senão parece que ela é uma radical livre, né? E não, pelo contrário, acho que ela é a expressão fiel e máxima do que a turma do Jair representa.
Celso Rocha de Barros: É exatamente isso, Fernando. Atualmente, assim, com esse esforço todo de tentar achar uma ala moderada do bolsonarismo e tal, tem gente tentando falar da Zambelli como a radical do bolsonarismo, mas não é absolutamente o caso. A Zambelli é o centro do bolsonarismo, é a bolsonarista típica, a Zambelli é o Jair. O Brasil foi governado por quatro anos pela Zambelli, basicamente pelo modo de pensar Zambelli. O Brasil lidou com a pandemia pelo modo de pensar Zambelli. A Zambelli não é uma caricatura feita com os traços mais grotescos do bolsonarismo. O bolsonarismo é essa caricatura e o bolsonarismo só tem traços grotescos. Quando você vê esses caras aí tentando se apresentar como bolsonaristas mais light, mais moderado, você pode ter certeza se você botar uma peruca de Ronald McDonald no Tarcísio, no Zema, acabou toda a diferença entre eles e a Zambelli, entendeu? Você não tem nenhuma diferença, porque você vai dizer “ah, mas a Zambelli tentou convencer o ministro da Aeronáutica a apoiar o golpe do Bolsonaro”. Cara, todos os bolsonaristas tentaram. Todos os Bolsonaros participaram desse golpe. A Zambelli defendia que as maluquices de Olavo de Carvalho. Cara, o Olavo de Carvalho indicou não um, dois ministros da Educação do governo Bolsonaro, além do chanceler. Então é o que você disse: a Zambelli é o mainstream bolsonarista. Ela não fez nada por maluquice da cabeça dela. Quer dizer, talvez aderir ao bolsonarismo. Mas o bolsonarismo é isso aí. O Brasil foi governado por isso aí durante quatro anos foi governado por aquela maluca que saiu pelos jardins apontando uma arma inicialmente para uma pessoa. Depois, quando a gente percebe que a miopia dela é gravíssima para parede do bar, entendeu? Esse é o bolsonarismo.
Ana Clara Costa: E ela só não teve mais poder porque eles são machistas.
Celso Rocha de Barros: Exatamente. Exato. Parece meio clichê. Esses caras odeiam mulher, cara. Mas é verdade. Se você for ver jornalistas que foram perseguidos em rede social é quase sempre mulher. Então eles têm uma filosofia misógina. Até a própria ideia do Bolsonaro colocar na Zambelli a culpa pela derrota de 2022.
Fernando de Barros e Silva: É. O que é bizarro né?
Celso Rocha de Barros: Para começar, porque no mesmo dia o Roberto Jefferson já fez coisa muito pior. Roberto Jefferson atirou na polícia, cara.
Ana Clara Costa: E nem um pio.
Celso Rocha de Barros: Nem um pio. Exato. E é óbvio que também não foi por isso que eles perderam. O cara perdeu porque teve uma perda de popularidade durante a pandemia, porque matou dezenas de milhares de brasileiros e não conseguiu se recuperar até o fim do mandato, mesmo usando a máquina como ninguém tinha usado até hoje. Essa ideia de tratar Zambelli como um caso meio caricatural, o lado mais bizarro do bolsonarismo, isso é uma operação ideológica que está sendo feita agora. A ideia da Zambelli, por exemplo, de invadir o sistema do CNJ… Quem falou para ela que isso tudo é fraudado, foi o Bolsonaro. Quem disse para ela que urna eletrônica é fraudada foi o Bolsonaro. E foram esses caras todos aí do Bolsonaro. Quem disse para ela que o Alexandre de Moraes era um ditador etc, foi o Bolsonaro, então não tem nada que ela tenha feito ou esteja fazendo ou planeja fazer que seja divergente do mainstream do bolsonarismo. Agora, será que ela vai conseguir na Europa fazer o que ela está querendo fazer? Se tornar uma espécie de embaixadora do bolsonarismo e fazer lobby por sanções contra o Brasil por causa das prisões, dos golpistas, etc. Eu tenho aqui minhas dúvidas. Em primeiro lugar, ela não é tão bem enturmada com a turma da Internacional Fascista quanto o Eduardo Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro é chapa do Steve Bannon, é chapa desses caras todos. O Eduardo Bolsonaro assim assim que o Bolsonaro ganha a eleição, ele foi viajar para Itália, Hungria e Polônia no começo de 2019. Ele voltou da Hungria dizendo que tinha aprendido lá com o Orban como lidar com a mídia. Então ele é um cara orgânico desse movimento internacional. É um militante, como aqueles velhos militantes comunistas que a Internacional Comunista mandava o cara para um lado ou para o outro ali. O Eduardo é isso e a Zambelli não é. E assim, se fosse para mandar alguém para ser embaixadora na Europa, seria melhor mandar Bia Kicis que se vocês procurarem no Facebook dela, tem vídeo dela com o pessoal da Hungria lá, tem a frente de amizade Brasil e Hungria.
Fernando de Barros e Silva: É mesmo?
Celso Rocha de Barros: Tem. Vocês pode procurar lá. Tem um cara lá, um deputado húngaro lá falando da importância de unir os conservadores. Então assim, a Zambelli não tem isso. Até, a princípio, isso poderia ser corrigido se o Bolsonaro resolvesse falar para a turma deles lá fora para adotar a Zambelli. Isso pode acontecer, mas a gente ainda não sabe se aconteceu. Agora tem um troço que eu acho que é uma diferença grande dela para o Eduardo… É que, sejamos honestos, boa parte do que interessa para os Estados Unidos, nesse caso Alexandre Moraes, essas coisas, não é o Eduardo, é o Twitter, são as big techs que não querem regulação. Acho que foi até o Malafaia que disse “quem é Eduardo Bolsonaro?”. Quer dizer, essas sanções aí, se vierem, é por causa do pessoal do Elon Musk. O argumento bolsonarista, que pode ser até uma desculpa que os Estados Unidos use, mas se tiver sanção contra Alexandre de Moraes coisas que o valem é o lobby das big techs que não querem regulação. E na Europa não tem isso, né? Não é lá que tá a sede das big techs. Então eu não sei se sem o lobby das big techs, o bolsonarismo fazendo essa campanha internacional do bolsonarismo tem muita atração. Basicamente para essa campanha da Zambelli no exterior dar certo, eu acho que dependeria muito do Bolsonaro, do Eduardo, do pessoal resolver adotar de novo a Zambelli, que eles estavam usando ela como bode expiatório da derrota, instruir os caras lá deles lá fora, o Orban na Hungria, a Meloni na Itália, tudo a adota ela, a promover ela, o que eu não sei se eles vão querer fazer. Porque é bom lembrar, inclusive a Zambelli, que nenhuma dessas acusações até agora pode ser remotamente interpretada como crime de opinião, né cara? Ela invadiu o sistema da Justiça.
Fernando de Barros e Silva: É. Não tem nada a ver com liberdade de expressão.
Celso Rocha de Barros: Você não pode sair andando com arma para cima dos outros na rua, sem mais nem menos, em nenhum lugar do mundo. Para o primeiro ministro da Itália comprar a briga da Zambelli, assim, para que ela vai fazer isso também? Então, eu acho que as perspectivas dela são bem piores que a do Eduardo. Agora, essa ofensiva internacional contra o Brasil tá indo de vento em popa, né cara? Os caras estão ativando essa rede internacional deles. Bolsonaro perdeu na eleição, perdeu no golpe, mas está tentando pelo menos ganhar na intervenção estrangeira. Já que o Exército brasileiro não quis dar golpe com ele, ele tá vendo se o exército americano não está interessado…
Fernando de Barros e Silva: É, e o ponto de fuga disso é a eleição do ano que vem. Acho que a campanha contra o Moraes se junta à campanha eleitoral. Eles vão tentar jogar tudo no mesmo bolo. Ana Clara, o que você tem a dizer sobre a nossa Albertine? Coitada da Albertine.
Ana Clara Costa: Bom, primeiro eu queria falar sobre essa diferença entre a ida dela e a ida do Eduardo, porque o bolsonarismo não quer colar essas duas fugas no mesmo pacote. Não é do interesse deles que ela seja atrelada ao Eduardo. Por quê? Porque quando o Eduardo decide ir para os Estados Unidos, isso não foi de comum acordo com o pai. Ele tinha basicamente dois objetivos na cartola. Ele queria se preservar de uma ofensiva do STF porque havia rumores de que o passaporte dele seria apreendido, como foi o do Bolsonaro. E ele também tinha esse objetivo de se articular junto com a extrema direita, se colocar como o ponto de contato com o Trump, se valendo do contato que ele já teve anteriormente para criar esse caldo ali contra o Supremo e contra o Alexandre de Moraes. E, se possível, e a gente não sabe se vai ser possível, transformar isso numa bandeira eleitoral mesmo, sabe? Porque a gente até já falou aqui que ele tem essa ambição de disputar essas primárias da direita aí como candidato do pai. E o Bolsonaro não queria que ele fosse, não queria que ele se licenciasse do mandato e etc. Mas ele foi. Enfim, tá morando no Texas. O plano deu um pouco errado porque o STF que não investigava acabou abrindo uma investigação contra ele justamente por causa dessas sanções. Então ele se ferrou nesse aspecto. E agora, inclusive na quinta feira, que é o dia que a gente grava, o Bolsonaro teve que ir na Polícia Federal prestar esclarecimentos sobre o Eduardo nos Estados Unidos.
Ana Clara Costa: Pessoal, eu tô voltando aqui para contar uma informação relevante que foi passada durante o depoimento do Bolsonaro à Polícia Federal, que foi a de que ele enviou 2 milhões de reais para o Eduardo Bolsonaro para ele passar um tempo nos Estados Unidos.
Ana Clara Costa: Então, assim, o Jair Bolsonaro, que não faltam inquéritos contra ele hoje, está tendo que prestar depoimento também sobre o filho. Então, toda a ida do Eduardo foi meio atribulada e assim, o que eles menos querem é a Carla Zambelli como par do Eduardo. E ela de fato não é porque ela foi, ela não conseguiu contato com o Eduardo. Segundo o que eu apurei, ela não foi para o mesmo lugar que o Eduardo. Inclusive, acho que isso vale uma menção. Foi para a Flórida e sabia-se que ela estava na Flórida, mas não onde exatamente. E a nossa gênia acabou fazendo um vídeo e descobriram onde exatamente ela estava.
Fernando de Barros e Silva: Tudo é tão previsível, né? Ou Texas ou Flórida. É tudo muito.
Ana Clara Costa: A mesma estética.
Fernando de Barros e Silva: Bom, a diferença básica entre os dois, talvez nem fosse preciso falar que ela está condenada.
Ana Clara Costa: Exato.
Fernando de Barros e Silva: Ela foi condenada à pena de dez anos, se não me engano. E ela só não. A prisão não foi decretada porque havia recursos ainda dentro do próprio STF. Aqueles recursos que depois da sentença, são dados ao réu.
Ana Clara Costa: Antes do trânsito em julgado.
Fernando de Barros e Silva: Em relação ao Eduardo Bolsonaro. Para minha tristeza, não existe nenhum processo. Ele não é condenado.
Ana Clara Costa: Não. Ela é foragida. Tanto que ela foi com passaporte italiano. Ela não foi com passaporte brasileiro. Agora, curiosamente, quem está ajudando ela nos Estados Unidos é o Paulo Figueiredo.
Celso Rocha de Barros: Ah, quem mais?
Fernando de Barros e Silva: O amigo do Celso. C
Ana Clara Costa: Celso, por favor disserta sobre quem é Paulo Figueiredo em 140 caracteres.
Fernando de Barros e Silva: Neto do Figueiredo.
Celso Rocha de Barros: É o neto do Figueiredo, aquele picareta que era ditador aqui.
Ana Clara Costa: Pois é, ele não soltou a mão da Carla Zambelli, ao que parece.
Fernando de Barros e Silva: Mas o Paulo Figueiredo é um personagem que o Celso levantou, que foi…
Fernando de Barros e Silva: É, ele foi o cara que leu o manifesto dos oficiais golpistas na Jovem Pan durante a tentativa de golpe. E esse devia estar pegando uma cana dura, violenta aqui.
Ana Clara Costa: Ele foi denunciado. Ele ainda não é réu.
Celso Rocha de Barros: Mas isso aí é golpista, raiz mesmo. Há várias gerações. Tem vídeo dele no YouTube, ninguém precisa acreditar na minha palavra, denunciando os generais que não apoiavam o golpe, dizendo nominalmente: “esse aqui não apoia, é um safado, não sei o que lá”. Esse aí não tem nenhum argumento possível para se dizer que esse cara não estava participando do golpe de Estado. Eu acho uma vergonha os Estados Unidos não ter expulsado esse cara, inclusive o Biden não ter mandado para o Brasil. Esse é um criminoso perigoso.
Ana Clara Costa: Agora, o problema da Zambelli é que o bolsonarismo não está interessado em transformá-la na Débora do batom, numa mártir pela liberdade de expressão. Para o azar dela, não existe assim um pio nas redes do Bolsonaro, nas contas do Bolsonaro sobre ela em defesa dela ou pedindo solidariedade a ela. Pelo contrário, ela tem reclamado aos aliados dela, se é que ela ainda tem algum, segundo a coluna da bela Megale no Globo, que o fato de Bolsonaro pedir doações de pix para sustentar o Eduardo nos Estados Unidos, está prejudicando o pedido dela de doação de pix para sustentar a partida dela. Exato. Então ela tá chateada porque ela tá achando que eles podiam pegar leve com esses pedidos de doação de pix para que ela possa ter um naco disso tudo.
Fernando de Barros e Silva: Eles deviam segurar aqueles cartazes: “Golpista em apuros. Doe pix.”
Ana Clara Costa: Agora eu fico imaginando o que passa na cabeça de um bolsonarista para pensar em sustentar a Carla Zambelli vivendo em Roma, em Veneza.
Celso Rocha de Barros: Assim, onde estiver. Não é?
Ana Clara Costa: Pois é.
Celso Rocha de Barros: Não. Pelo amor de Deus! Eu também não sei. Não consigo arriscar. É o mesmo cara que compra a criptomoeda do Milei, né, cara? Deve ser basicamente.
Fernando de Barros e Silva: Mas essa medida do Moraes para identificar os repasses de pix para ela pode revelar se tem alguém ou alguéns com bala na agulha interessado em porque é uma maneira de financiar a estratégia dela de ficar conspirando contra a democracia. Agora, eu acho fundamental que o Brasil consiga prendê-la, que ela volte para o Brasil presa, porque essa saída dela do país, embora não tenha sido ilegal, houve uma desatenção porque ela já estava condenada.
Celso Rocha de Barros: É, não pode deixar sair.
Fernando de Barros e Silva: Então, eu acho que para a credibilidade das instituições e para o bom funcionamento da democracia, processo político com eleição ano que vem aq Carla Zambelli deve ser presa. Que ela não fique solta por aí mandando lives de na frente de shopping center para gente sobre a liberdade de expressão e bla bla bla.
Ana Clara Costa: Agora o curioso é que o marido dela aqui, gente, quando a gente lembra, inacreditável! Ele era o chefe da Força Nacional.
Fernando de Barros e Silva: Oh que…
Ana Clara Costa: Beleza! O coronel Aguinaldo, que hoje é filiado ao PL.
Fernando de Barros e Silva: E o padrinho de casamento dela é o narrador. Escusas.
Celso Rocha de Barros: Exatamente. Sérgio Moro.
Ana Clara Costa: E o coronel Aguinaldo era secretário de Segurança pública numa cidade no interior do Ceará e, coincidentemente, pediu afastamento temporário do cargo há duas semanas para cuidar de uma doença em um parente para poder ir com ela, claro.
Fernando de Barros e Silva: Coronel Aguinaldo achou que estava fazendo uma grande coisa com esse matrimônio… Se deu mal.
Ana Clara Costa: Gente, desculpa, errei aqui. O nome dele é Coronel Aginaldo. Não, Aguinaldo. Perdão.
Fernando de Barros e Silva: Fala sério, Ana Clara. Aginaldo é jogo duro, hein? Já não basta se casado com a Zambelli e ainda chama Aginaldo, o infeliz. Ai, ai. Bom, já estamos em conversa de bar aqui é perigoso que a Zambelli entre com uma arma para interromper a nossa conversa. A nossa diretora Mari Faria nos informa ao vivo aqui, enquanto gravamos, que a Interpol aceitou o pedido da Polícia Federal brasileira e incluiu a Zambelli em sua lista vermelha ou verde amarelo. Então a gente encerra com essa informação de Mari Faria. Encerramos o primeiro bloco por aqui. Fazemos um rápido intervalo. Na volta, nós vamos falar de Fernando Haddad e IOF. Já voltamos.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem, Estamos de volta. Ana Clara, evidentemente, vou começar com você, que andou por Brasília, esteve com o ministro Fernando Haddad, sabe tudo sobre o que vem por aí nesse pacote. Conta pra gente como é que tá a negociação, a situação do Haddad dentro do governo, a tensão entre ele e o Lula e o que vai resultar dessa crise do IOF.
Ana Clara Costa: Primeiro tenho que dizer que tudo, inclusive nada.
Fernando de Barros e Silva: Tudo, inclusive nada. É Tim Maia, a gente é adepto do filósofo Tim Maia. Tudo é tudo e nada é nada.
Ana Clara Costa: Bom, eu queria dizer para vocês que em Brasília eu percebi em muita gente do Congresso um certo alívio em discutir alternativas para o IOF e não ter que ficar discutindo anistia ao 8 de janeiro. Esse bode na sala do IOF parece ser mais palatável aos nossos digníssimos deputados do que o bode da anistia, o que é bom, né? Difícil gente falar em algo bom e Congresso na mesma frase.
Celso Rocha de Barros: Quando tem para falar é bom falar mesmo.
Ana Clara Costa: Mas não é novidade para ninguém. O Fernando mencionou no início que o Congresso estrilou e ameaçou derrubar esse decreto do governo que criava e elevava o IOF também sobre vários tipos de operações financeiras. E derrubar um decreto presidencial não é uma coisa banal. Não aconteceu nos últimos 25 anos. Ou seja, não aconteceu nem nos tempos mais loucos do governo Bolsonaro. E o que aconteceu? O que está acontecendo agora? Esse diálogo entre o Congresso e o governo é, bem ou mal, um sinal de harmonia entre poderes. O governo disse que ia pensar em alternativas, ou seja, ninguém ameaçou fechar o STF. Cabe soldado? Nada disso. O Congresso disse que não aceitava. O governo vai negociar. E política é isso. A gente esquece, mas é isso.
Celso Rocha de Barros: Política é isso. Mas com um executivo fraco e um Congresso forte e conservador e cheio de emendas e o Executivo tendo que fazer concessões, passar o chapeuzinho. Sim, é política. Mas a correlação de forças aí é…
Ana Clara Costa: Sim, sem dúvida. Mas olha, nesse aspecto, essa discussão que está acontecendo, pelo menos do que eu apurei, o governo não está tentando ganhar essa conversa oferecendo cargos ou verbas, até mesmo porque não tem. E o Congresso não está chantageando nesse momento, pode ser que venha a chantagear. Mas assim, retrato de hoje: ainda não está chantageando. Então eu tô querendo ser meio Poliana. O Fernando foi Poliana no programa passado. Eu tô querendo ser Poliana nesse.
Fernando de Barros e Silva: Fui e agora estamos aqui, em vias ou quase, transformando Alcolumbre num estadista. O Alcolumbrismo de resultados.
Ana Clara Costa: Pois é, a que ponto chegamos? Bom, e aí eles foram trabalhar para pensar em formas de conseguir essa arrecadação do IOF, que é de 20 bilhões de reais. Uma das alternativas que eles estão discutindo e que parece que vai acontecer de fato é o pagamento de dividendos extras do BNDES para o Tesouro, que é uma forma de conseguir o dinheiro rápido. O BNDES tem quase 30 bilhões adicionais para distribuir para o Tesouro, além dos dividendos que ele já paga todos os anos. E esses 30 bi foram acumulados aí nesses últimos anos. E há quem defenda no governo usar todo esse dividendo para cobrir os 20 bi e aí não precisaria ter aumento do IOF. Mas essa alternativa é muito remota. O mais provável é que usem parte desse valor. E outra parte eles pensaram em outros mecanismos, como a revisão dos aportes ao Fundeb, que é um fundo que financia a educação básica. O Haddad também quer embutir nessa proposta a revisão de isenções fiscais a vários setores, que é algo que ele vem querendo fazer há algum tempo nessa remuneração da folha de pagamentos de vários setores que tinha sido desonerado lá no governo Dilma e nunca conseguiu reverter isso. E, obviamente, porque o lobby desses setores é poderosíssimo no Congresso. E o Haddad também propõe a votação do projeto que reduz os supersalários, que é uma coisa que tem impacto fiscal pequeno, mas que passa uma imagem positiva ali de cuidado com as contas públicas. Então, basicamente, o que ele quer é que o Congresso se disponha a fazer também algumas concessões em troca desse esforço fiscal, porque a situação é a seguinte: o Congresso é fiscalista quando convém, porque não quer congelar emendas, não quer tirar benefícios fiscais de setores poderosos, porque não quer mexer nos supersalários, porque não quer mexer na tributação dos mais ricos. E hoje o Congresso pode também fazer dotações orçamentárias, ou seja, anotar gastos no orçamento sem que haja nenhuma origem para esse gasto. Então o orçamento acaba virando uma coisa meio Eike Batista. Assim sabe, cê tem um sonho, escreve o sonho na planilha e depois reza para o dinheiro aparecer. É mais ou menos isso que o Congresso faz hoje. Só que não é o Congresso que tem que correr atrás de bancar esse sonho, entendeu? É o executivo que tem que correr atrás. O que o Haddad está fazendo com essa proposta, dessas alternativas ao IOF é fazer com que o Congresso também se mexa para aprovar alguma coisa. E o que ele quer fazer e eu acho que as discussões com os líderes vão um pouco caminhar nesse sentido é que o decreto do IOF fique em vigor enquanto as alternativas não forem aprovadas, ou seja, para derrubar o decreto… O que o Haddad quer que aconteça né… Não sei se é isso que vai acontecer de fato. Eles teriam que aprovar alguma coisa que está sendo proposta, o que é bom, porque imagina se ele conseguir arrancar essas remunerações de alguns setores é uma coisa que ele está brigando desde o ano 1 do governo, a gente já está no terceiro ano de governo. O que é ruim é que essas alternativas são temporárias. Por exemplo, se você esvazia a conta de dividendos do BNDES, você não vai encher ela de novo no ano que vem. Precisa de tempo. Se a arrecadação vier a quem no ano que vem, de onde que você vai tirar? Ano que vem vai ter mudança para fazer no Fundeb que você consiga economizar alguma coisa. Essa reoneração dos setores, se ela de fato for aprovada, vai ser suficiente para o ano que vem? O que está acontecendo esse ano, na verdade, são medidas emergenciais para fechar a conta. Não é nada estrutural de fato. E o ano que vem que é ano eleitoral pode requerer também outras medidas em razão de uma arrecadação que não consiga chegar no que o governo quer. E tem muita gente que defende que não tenha corte no ano que vem, por ser um ano eleitoral, mas também turbulência fiscal em ano de eleição é um remédio amargo para quem toma. E a conta geralmente vem no ano seguinte, depois que o sujeito ganha. E é um pouco o que aconteceu no segundo governo Fernando Henrique e no segundo governo Dilma, a situação fiscal estava complicada no ano da eleição e no primeiro ano de governo veio tudo aquilo.
Fernando de Barros e Silva: Bom, Ana, disso tudo que você brilhantemente relatou, eu temo estar concordando com Hugo Motta de que estamos no terreno da gambiarra. Semana passada ele usou essa palavra agora alguma gambiarra mais palatável para o Congresso. Celso.
Celso Rocha de Barros: Sempre estivemos no terreno da gambiarra, nunca estivemos em outro terreno. Mas enfim, essa história do IOF foi a maior derrota do Haddad até agora. Mas essa reação do Congresso ao IOF pode acabar jogando a favor do programa que ele estava tentando implementar mesmo. Porque para começar, não dá para o Congresso simplesmente recusar o IOF e deixar um rombo nas contas públicas, porque isso vai acabar batendo as emendas parlamentares também. Isso não é um negócio que seja do interesse do Congresso. E, segundo, eu acho que o pessoal do Congresso, que é mais afinado lá com o mercado, pode estar vendo nisso uma oportunidade de puxar pautas de ajuste fiscal que tenham mais eficácia no longo prazo e tal, inclusive coisas que o Haddad já tinha tentado fazer e o Congresso não deixou. Na semana passada a gente mencionou que o IOF era um negócio meio desesperado mesmo, já era um troço meio “tá acabando as ferramentas na caixa de ferramenta para você botar as contas públicas em ordem”. Então, se a discussão no Congresso é uma possibilidade de reabrir o debate sobre que ferramentas podem ser usadas para o Haddad é muito bom, então acho que é por isso que ele disse no evento da piauí que até agora esse desenrolar foi o melhor possível. Pode ser que dê tudo errado ainda, mas para ele é bom essa reabertura do debate. Isso voltar a ser o assunto, né?
Ana Clara Costa: Não, e ser um assunto minimamente republicano a ser debatido.
Celso Rocha de Barros: Exatamente, a pauta voltar a ser problemas reais do país, problemas que afetam a vida dos cidadãos, etc. A princípio, o Congresso está pelo menos fingindo que topa conversar com o governo. A gente ainda não sabe como que isso vai se desenvolver, se isso vai… Por exemplo, super salários é outra coisa que o Haddad já tentou acabar com isso, já tentou botar um limite nesse negócio, mas saiu do Congresso com muito menos impacto do que entrou. Se o Congresso topar reabrir algumas dessas discussões, eu acho muito bom. Agora tem uma questão que é delicada, que é o seguinte quando o pessoal diz não, o ideal é tentar soluções estruturais para o déficit, eu também acho que é. Um tipo de combate ao déficit, que pode ser até que você precise fazer num ano ou outro, mas não pode ser a solução de longo prazo. Então, para você cortar toda a grana das universidades, pode ter um ano que você precisa fazer isso, mas você vai ficar fazendo isso para sempre? Quer dizer, não vai ter política científica no país, não vai ter? Isso vai acabar, inclusive, prejudicando o crescimento econômico. O ideal, realmente, seria medidas que corrigissem os mecanismos meio automáticos que vão fazendo o gasto subir automaticamente, inclusive meio que independente de quem é governo. Agora, reformar isso é muito difícil. A gente já falou isso aqui ano passado, quando o Haddad apresentou as propostas do Braulio Borges, do economista, ele propunha a substituir várias indexações do gasto público. Então, o mínimo da Previdência, em vez de ser o salário mínimo, passaria a ser um índice de inflação da terceira idade, da FGV e outras coisas desse tipo. O gasto com saúde, o gasto com educação, teria outra indexação. Essas coisas, de fato, teriam um impacto de longo prazo muito maior do que qualquer outra coisa. Agora, a chance de se fazer besteira aí também é grande. Quando você abrir isso para jogar lá para o Congresso, porque o Congresso são esses caras aí. Não vai mudar até semana que vem. Botar isso para eles discutirem é um negócio arriscado. Por isso que eu torço para que, chegando nessa parte de reforma de gasto estrutural, a gente vai ter que contar com uma sorte aí do debate ser equilibrado, né? Não sei se vocês têm visto TV Senado, mas não tem sido exatamente a tônica.
Fernando de Barros e Silva: Tá com saudade do Tiririca?
Celso Rocha de Barros: Pois é, mas é o que a Ana falou. já é um grande progresso a gente estar discutindo isso em vez de estar discutindo anistia ou coisa que o valha. Eu acho bem vinda essa possibilidade de reabrir o debate sobre coisas que o Congresso tinha barrado, que o Haddad tinha proposto e o Congresso tinha barrado, se o IOF cair porque essas coisas vão andar, eu acho uma boa notícia. Agora pode ser cedo demais para a gente comemorar, não sei.
Fernando de Barros e Silva: Perfeito. Ana, para arrematar esse bloco, eu queria que a gente ainda tratasse da popularidade do Lula. Você tem mais alguma coisa a dizer?
Ana Clara Costa: Eu acho que vale mencionar, Fernando, que esse episódio do IOF exacerbou algumas divergências já conhecidas aqui por nós. O Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, percebeu o sangramento do Haddad e tirou da cartola um plano de arrecadação por meio da exploração de petróleo e queria colocar isso como alternativa, coisa que o Haddad não aceitou. E eu ouvi de gente do governo nesses dias em Brasília, que é uma pena que a Foz do Amazonas não esteja já em operação, porque não estando em operação ainda, eles não vão conseguir arrecadar nada dali antes de 2027. Ou seja, não será nesse mandato e eles gostariam que tivesse começado a explorar antes para arrecadar antes. Isso eu ouvi de gente do governo. Tem uma outra coisa esse pacote de medidas alternativas também gerou uma certa indisposição com o Ministério do Planejamento, porque ninguém ali foi chamado a debater. Agora, em tese, eles estão trabalhando em cortes e eficiência da máquina pública ali desde o começo do governo. E tem também a questão que o planejamento é o guardião do orçamento. Tudo relacionado ao orçamento está no planejamento.
Fernando de Barros e Silva: Leia-se Simone Tebet.
Ana Clara Costa: Exato, que está de férias. Inclusive eu falei no episódio passado sobre o clima tenso com BC. Também tá rolando um clima tenso com planejamento nesse momento, porque essa discussão meio que passou ao largo deles. E tem aquela briga de sempre com o Rui Costa, que é o ministro da Casa Civil, que é visto como um desafeto do Haddad, porque mina muito o trabalho do Haddad ali na Casa Civil. E também como um aliado dessa agenda dos combustíveis fósseis no governo. Ele é a favor da exploração, falando especificamente da foz do Amazonas.
Fernando de Barros e Silva: Ele ajudou a articular a votação no Senado. Ele tratou com Alcolumbre disso. A votação, digo, do que a gente tratou na semana passada a respeito.
Ana Clara Costa: Da devastação.
Fernando de Barros e Silva: Da devastação, isso, do afrouxamento da destruição das leis de licenciamento ambiental.
Ana Clara Costa: Pois é, ele também é um grande entusiasta do uso da máquina para ganhar a eleição em 2026 se o Lula de fato for o candidato. E ao que tudo indica será, mesmo que as pesquisas estejam mostrando com uma certa insistência, que os benefícios que o governo está dando não estão se convertendo necessariamente em ganhos de popularidade. Pelo contrário, a popularidade só cai. E aí tem essa pesquisa da Quaest, você mencionou, Fernando. A pesquisa de popularidade que mostra queda, que saiu na quarta feira, mas na quinta saiu a pesquisa também da Quaest, que pela primeira vez mostra que a queda de popularidade do Lula está se convertendo em intenção de voto para a oposição quando a pergunta feita é sobre a eleição. Até agora, até essa pesquisa, especificamente, essa conversão não era feita. As pessoas diziam estar insatisfeitas com o governo, mas não necessariamente queriam votar nos candidatos aliados do Bolsonaro, que eram sugeridos na pesquisa. E agora, pela primeira vez, esses nomes estão tomando certo fermento e até chegando a empate, segundo a pesquisa mostrou. Uma questão interessante dessa pesquisa é que, pela primeira vez, a percepção dessas pessoas ouvidas em relação à economia brasileira deixou de piorar. É o primeiro mês do ano em que isso acontece. Mas mesmo assim o governo não conseguiu transformar esse sentimento de melhora na vida, na renda e tal, em aprovação ou intenção de voto. Pelo contrário, uma das explicações pode ser que no caso das faixas de renda mais baixas, esse sentimento de melhora não está sendo sentido. Ele está sendo sentido mais nas faixas mais altas. E o eleitorado principal eleitorado do Lula está justamente nessas faixas de renda que não estão sentindo. Então isso pode ser uma explicação. Mas nessa conversa que eu tive com Haddad em Brasília, nesse evento da piauí, eu perguntei justamente sobre isso para ele: por que as políticas que trazem benefício social não estão rendendo mais ganhos em popularidade? Na verdade, isso acontece mês após mês. Não é uma novidade de agora. Ele tem algumas hipóteses, mas não sabe responder exatamente por que. Mas o que ele disse que eu achei interessante foi o seguinte não é porque não traz popularidade que a gente não vai fazer. E mesmo que o reconhecimento desses ganhos vier daqui dez, vinte anos, tá feito, entendeu? Se o eleitorado quer uma briga sobre religião, eles não vão entregar a briga sobre religião porque dá voto. O Lula não vai se declarar evangélico. Estou dando um exemplo totalmente radical.
Celso Rocha de Barros: Chamar Pastor Everaldo para batizar ele.
Ana Clara Costa: Exato. Essa vai ser a tônica. Se não está dando resultado de popularidade, paciência. Mas eles não vão mudar. É o que ele disse.
Fernando de Barros e Silva: Então vamos encerrando o segundo bloco do programa por aqui. Fazemos um rápido intervalo. Na volta, vamos falar do governo Trump, de Elon Musk. Já voltamos.
Fernando de Barros e Silva: Muito bem. Estamos de volta. Celso, vamos com você. Acho que podemos começar pela saída do Elon Musk do governo e você pode fazer um balanço do tal Dodge.
Ana Clara Costa: Tá ferrado, Celso.
Celso Rocha de Barros: Não, é satisfação fazer um balanço.
Fernando de Barros e Silva: É o tal departamento de eficiência.
Celso Rocha de Barros: A mutreta lá.
Fernando de Barros e Silva: Que ia economizar… A mutreta do Elon Musk que, assim como Paulo Guedes, toda conta, dava um trilhão. Não é isso?
Celso Rocha de Barros: O Paulo Guedes toda conta dava um trilhão. Aí o Elon Musk achou que isso não era suficiente, resolveu que a conta dele ia dar dois trilhões. Chegou lá e falou: “Não, isso aqui só cortando o desperdício e ineficiência e tal, dá para economizar dois trilhões de dólares”. E na época eu lembro que todos os economistas americanos falavam “bicho, não existe isso”. Claro que deve ter alguma ineficiência que dê para cortar. Se alguém tiver uma boa ideia para cortar alguma coisa específica, é sempre bem vindo. Mas a ideia de que assim tem dois trilhões que estão sendo desperdiçados e se você botar um cara inteligente ali, ele vai fazer aparecer dois trilhões nas contas para o Trump gastar ou liberar de imposto, etc. Isso é mentira. Isso sempre foi mentira, descaradamente falso e sempre foi. E como no caso do Paulo Guedes, a gente sempre tem que desconfiar do cara que toda a conta dá número redondo. Ele começou com dois trilhões aqui a gente já falou aqui no dia que dos dois trilhões caiu para um trilhão. Ele falou “não, não, vai ser um trilhão, não é mais dois trilhões, é um trilhão”, um Paulo Guedes. Aí agora, na saída dele, ele já anunciou que economizou 175 bilhões, que é muito menos e até menos de 10% do que ele dizia no começo. Mas isso também é mentira, porque é muito difícil analisar os resultados dele, porque a prestação de contas que eles botam no site é picareta. E você não precisa acreditar em mim, vocês podem pegar esses think tanks, centro de estudos conservadores americanos, que são fiscalistas para caramba. Ele dizem que não dá para checar maior parte daquelas coisas. E tem várias suspeitas. Tem uns casos que a gente até já falou aqui de coisas que eles erraram, eles botaram que economizaram 80 e tinha economizado 8, umas coisas assim. E tem coisas, por exemplo, eles dizem que a gente cortou esse programa, mas na verdade era um gasto ao longo de dez anos, já tá no ano nove, então boa parte já foi gasto e eles estão contabilizando como se tivesse cortado. A contabilidade deles é 100% picareta, na opinião dos fiscalistas conservadores americanos e não na opinião da oposição da esquerda, nem nada. E o que parece ter acontecido muito nesses cortes é que ele cortou um monte de coisa que não era desperdício, que eram programas importantes que ajudavam gente que precisava. Ponto particularmente trágico é que os bilhões que foram cortados em ajuda internacional para países muito pobres. O Joel Pinheiro, na GloboNews, falou, eu acho que criou uma fórmula boa, que é basicamente o homem mais rico do mundo cortou o dinheiro das pessoas mais pobres do mundo. Dinheiro que ia para vacinação na África, sabe? Dinheiro que ia para alimentação, para criança, para bebê em áreas de conflito e áreas de refugiados, entendeu? E o cara achou que isso era desperdício e cortou. Cortou coisas que provavelmente vão reduzir a arrecadação nos próximos anos, cortou o pessoal da Receita Federal, do IRS americano. Então tem menos gente agora para pegar a fraude fiscal para arrecadar dinheiro, ele cortou um monte de coisa que provavelmente vai ter que voltar nos próximos anos. Provável. Ele cortou coisas que eram necessárias e que algumas já tiveram que voltar. Outras tem gente entrando na Justiça. Vai ter que voltar. Essa economia doméstica é tudo picaretagem. Isso aí foi basicamente uma fraude que foi aplicada sobre o público americano. O Elon Musk é um fraudador, estelionatário picareta, que foi lá para o público americano e mentiu para os caras. A mentira mais clássica de política que tem, que é “eu sei onde arranjar dinheiro sem ninguém ser sacrificado”. Ele contou essa história. Teve uns caras que caíram, mas era mentira. E o Musk no governo, representava uma série dessas ideias zumbis que não interessa quantas vezes ela morra, ela sempre volta. Por exemplo, a ideia de que o cara que é bem sucedido no setor privado vai saber o que fazer no setor público. Cara, são coisas completamente diferentes, são objetivos diferentes, são fontes de arrecadação de dinheiro diferentes, são alinhamentos de interesse muito diferentes. Então não tem a menor garantia que um cara que sabe se dar bem no mercado vai se dar bem como gestor público. Ou então a cascata que aqui no Brasil é epidêmica, praticamente que a ideia de que se não tivesse corrupção teria dinheiro para tudo. Então, toda vez que vai ter um ajuste das contas públicas dizem que se os políticos parassem de roubar, não precisaria cortar esse negócio. É mentira. Você pega os piores escândalos de corrupção, você vê quanto foi desviado não sei o que, você compara com, sei lá, um ano de déficit da Previdência ou de qualquer coisa, não é verdade. Agora, obviamente, sempre vai ter gente ganhando voto com essa cascata de que não, não, não, eu sei arrumar dinheiro sem sacrificar ninguém. E o Elon Musk basicamente fez isso, Não é só que ele foi um cara substituindo o papo furado de político. Ele vendeu o papo mais furado de política que tem. E uma coisa que chamou a atenção também é o seguinte esse sucesso dele no setor privado é muito, uma história muito mais complicada do que esses caras gostam de dizer. Então, assim, o Silicon Valley é uma convergência entre políticas muito agressivas de desenvolvimento científico com dinheiro público feito pelos Estados Unidos, em especial sobre o setor militar e de um mercado ágil o suficiente para pegar essas coisas e transformar em produtos, transformar em coisas de uso dos consumidores. O Sistema Nacional de Inovação é uma questão bem complicada, que depende de ajustes muito finos, com participação do Estado, do setor privado. Por exemplo, a Tesla do Musk dependeu muito ao longo da sua história de incentivos do governo à tecnologia verde, que é o carro elétrico. O Trump tá derrubando esse negócio, então inclusive vai derrubar a Tesla e vai derrubar um monte dessas coisas tecnológicas americanas. A história toda já era cascata. A história de que um cara que vem do setor privado chega no setor público e vai conseguir arrebentar. Mas a história dele no setor privado também era cascata, porque boa parte do sucesso do setor tecnológico americano depende também de participação do governo. E agora o Trump aprovou no Congresso a sua One Big Beautiful Bill Act, a famosa OBBBA. É foda. Que é uma proposta orçamentária lá do Trump, assim, se vocês acham que tá complicado esse debate fiscal que a gente falou no bloco passado aqui no Brasil, vocês acham que tem picaretagem aqui no debate brasileiro, vocês ainda não viram nada, cara, Porque o OBBBA do Trump, ele aumenta gastos militares, reduz os benefícios para tecnologias verdes e vai fazer com que milhões de americanos entre 10, 16 milhões de americanos percam o acesso a seguro de saúde nos próximos dez anos. Isso é o que ele vai cortar. Enquanto isso, ele está aumentando gastos militares e está segurando o corte de impostos que ele deu no outro governo. É sempre bom lembrar que corte de impostos é tão populismo fiscal quanto gastar dinheiro. O efeito sobre a contabilidade do governo é exatamente a mesma coisa. O dinheiro que deixou de existir, ele deixou de existir e vai ter que ser coberto de alguma maneira. Do mesmo jeito, sair dando corte em impostos indiscriminadamente é tão populismo fiscal como sair gastando dinheiro indiscriminadamente. E sempre vai ter um idiota dos dois lados que vai dizer não, não, mas o meu corte de impostos ou o meu investimento público vai fazer arrecadar tanto dinheiro que vai cobrir esse cara. Isso acontece as vezes, mas não tem nenhuma garantia que isso acontece como regra. O que fez inclusive que o Elon Musk brigasse com o Trump agora que ele saiu do governo lá com o rabo entre as pernas e veio reclamar do OBBBA, do One Big Beautiful Bill Act. Mas é isso. Então assim, cara, eu vi gente de mercado e gente aqui no Brasil dizendo: não, que pena que no Brasil não tem um negócio que nem o Dodge do Elon Musk. O Dodge era uma picaretagem sem vergonha, entendeu? O negócio não tem o menor sentido. Ninguém ali fez conta nenhuma para chegar nesses números. Tudo chutado, tudo golpe.
Fernando de Barros e Silva: Aqui nós temos o Dodge Dart do Chico Raiz.
Celso Rocha de Barros: É.
Fernando de Barros e Silva: Fazer um break. O Chico Raiz é mais sério que o Elon Musk.
Celso Rocha de Barros: Muito mais. Também, né? Todo mundo. E assim, a primeira coisa que você comprou, essa ideia de que vai chegar o empresário lá vai… Tá bom, você foi feito de otário. Se você comprou a ideia dos dois trilhões, do um trilhão, do meio trilhão, etc, você também foi feito de otário. No final das contas, o déficit vai aumentar em dois trilhões. Olha só que beleza! Graças ao OBBBA do Trump, não só o Trump não vai reduzir o déficit em dois trilhões graças a palhaçada Elon Musk como ele vai aumentar o déficit em 2,3 trilhões. Olha só quando o número é real, ele não é redondo, graças ao seu OBBBA. É o oba oba do Trump.
Fernando de Barros e Silva: A irracionalidade se concentra em certas figuras da irracionalidade do mundo que o sujeito deseja o mais rico do mundo e que seja o braço direito do débil mental do Trump. E isso tudo é assustador. Vamos lá.
Ana Clara Costa: Fernando, o que eu acho curioso nessa trajetória, essa breve trajetória do Musk no governo americano é que há similaridades com algumas situações aqui no Brasil. Vocês se lembram quando o Bolsonaro ganhou, quando ele estava, sei lá, bem nas pesquisas, depois da facada e ia ganhar? Tinha muita gente, sobretudo da imprensa, que achava que o Paulo Guedes iria governar. Ou que essa elite empresarial iria domesticar o Bolsonaro. E ele, como era visto como um maluco, não ia ter condição de governar. Então ele ia acabar sendo domesticado por essa elite.
Fernando de Barros e Silva: Eu me lembro do perfil que a Malu Gaspar fez do Paulo Guedes, quando ele dizia que o Bolsonaro já é outro animal. Ele falou já tô domesticando ele. Paulo Guedes usava exatamente essa imagem.
Ana Clara Costa: Pois é grande perfil da Malu. E o que aconteceu? A imprensa americana fez a mesma comparação quando o Musk assumir um cargo no governo. A revista Time fez uma capa sugerindo que o Musk era o Real President. E assim qual a chance de dar certo, ainda mais com o presidente que já está indo para seu segundo mandato como o Trump, não tinha a menor condição, então com o passar desses meses, algumas coisas foram acontecendo. O Trump começou a reduzir um pouco as menções ao Musk nas entrevistas que ele dava. Passou a reduzir as menções ao Musk nos posts dele nas redes sociais. O Musk também começou a dar uma desacelerada no que ele fazia no Twitter, que era o dia inteiro, uma enxurrada de postagens e de confusões que ele criava. E aí, em abril, ele anunciou que ele ia se dividir entre o governo e as empresas dele, que ele não ia mais ficar tanto tempo. Então foi uma saída meio que paulatina. Como que você vai achar que o Trump, que é um cara notadamente narcisista, como que você vai achar que ele vai se deixar dominar por alguém, por mais que esse alguém seja o cara mais rico do mundo? E agora, com essa questão do orçamento Celso, que você mencionou, tem uma coisa curiosa: o Musk saiu meio que de fininho ali, sem sair atirando, mas agora está fazendo críticas pesadas a esse projeto orçamentário dos republicanos. Ele está criticando isso muito. E o que ele está dizendo também é que os republicanos estão com ele. Ou seja, os eleitores do Trump estão com ele, estão concordando com ele, que ele está certo no que ele está falando e os eleitores também concordam. E aí o Trump, que já não tinha tratado mal Elon Musk publicamente depois da saída dele, também tinha conduzido isso com uma certa parcimônia. Já hoje deu uma entrevista dizendo que está extremamente frustrado com Elon Musk e que o Elon Musk está fazendo tudo isso porque o Trump. Eu não sei se vocês se lembram que ele fez logo no início do governo, um dos decretos dos atos executivos dele foi sobre carros elétricos, porque justamente ele quer estimular a indústria de petróleo, não a indústria de energia limpa. Então, em um dos decretos, prejudicou a indústria de carros elétricos. E o que o Trump está dizendo hoje é que o Elon Musk na verdade está p* da vida com isso. It’s business.
Celso Rocha de Barros: Pessoal, nas horas depois da gravação, a briga entre o Musk e Trump entrou em ritmo de incêndio de cabaré. O Trump resolveu dizer que a melhor maneira do governo americano economizar dinheiro era cortando os contratos do Musk com o governo. Isso fez o valor das ações da Tesla cair mais de 150 bilhões de dólares, o que é uma graninha boa. O Musk disse que o Trump está envolvido no escândalo do Jeff Epstein, aquele milionário pedófilo que se suicidou na cadeia. A essa altura, Steve Bannon já estava defendendo a deportação do Musk, que é imigrante sul-africano. Aí acho que aproveitou para defender o impeachment do Trump, de olho na ligação histórica do JD. Vance, o vice do Trump com o Vale do Silício. E o mundo assistiu e continua assistindo aos homens mais ricos e poderosos do mundo, expondo em público como são imbecis, corruptos e prontos a usar o poder político para satisfazer seus interesses mais mesquinhos.
Ana Clara Costa: Mas eu acho que é uma situação que a gente tem que olhar em perspectiva, Efectiva, porque agora, com a Michelle Bolsonaro querendo ser candidata, parte do bolsonarismo apoia a Michelle, principalmente essa parte mais do Silas Malafaia, esse núcleo mais evangélico do bolsonarismo. Ele vê a Michelle de fato como uma candidata viável. E o que eu ouvi dessas pessoas é o seguinte a gente coloca ela lá e depois a gente vê o que a gente faz, depois a gente governa, entendeu? Mas se ela pode ganhar, vamos colocar ela lá e depois a gente governa, que é um pouco aquela mesma dinâmica de que você vai achar que sempre alguém vai conseguir tutelar um presidente. Há muitos exemplos na nossa história de que isso não acontece, né? A Dilma era um caso, Bolsonaro, e agora eles acham que será Michelle.
Celso Rocha de Barros: Elon deixa eu dar uma dica para você: os caras que produzem petróleo deram um avião para o Trump. Sim, esse debate de políticas públicas vai ser resolvido com argumentos muito específicos, entendeu? Então.
Fernando de Barros e Silva: Agora, a respeito dessa crueldade que você se referiu no começo, inclusive mencionando o Joel, o tipo de corte que eles fizeram que prejudica ou penaliza as pessoas que já não tem nada e se estende a medida que ele tomou. Agora em relação a esses países de onde as pessoas não podem mais ir para os Estados Unidos, entre eles o Haiti, o Haiti, que é um país devastado. Miserabilismo. Esses dias eu tava vendo a GloboNews, o Guga Chacra falando que os cuidadores de idosos nos Estados Unidos, muitos deles são haitianos. É de uma crueldade o que esse cara está fazendo? Para que fazer uma medida dessa? Realmente tem uma dose de sadismo, uma mentalidade fascistóide mesmo. Não vejo como fugir disso. Bom, terminamos então o terceiro bloco do programa. Vamos para um rápido intervalo e na volta: Mari brilha. Kinder Ovo. Já voltamos.
Fernando de Barros e Silva: Estamos de volta. Muito bem. Kinder Ovo. Mari Faria. Pode humilhar, Mari Faria. Solta aí.
Sonora: Eu acho que a eleição de 2026 vai ser uma repetição do que aconteceu em 2022 no sentido contrário. Em 2022, não foi o Lula que ganhou a eleição, foi o Bolsonaro que perdeu. Eu acho que em 2026 o Lula vai perder eleição. Então qualquer um que for para o outro lado e for para o segundo turno vai ganhar a eleição dele.
Celso Rocha de Barros: Não é Eduardo Cunha não?
Fernando de Barros e Silva: Caraca, Celso e a sua profecia. Quanto pior o personagem…
Celso Rocha de Barros: Maior a chance.
Fernando de Barros e Silva: Maior a chance de acertar.
Celso Rocha de Barros: Exatamente. Acha um genocida aí pra ver se eu não acerto.
Fernando de Barros e Silva: Celso Rocha de Barros, Casca de bala, brilhando. Ana Clara, a gente precisa fazer alguma coisa com isso.
Ana Clara Costa: Nossa, eu tô.
Fernando de Barros e Silva: Ele tá empilhando Kinder ovo.
Ana Clara Costa: Eu comecei o ano bem, mas aí.
Celso Rocha de Barros: Caiu o nível dos caras, quando cai o nível dos caras, eu melhoro aqui.
Mari Faria: A regra da dignidade.
Celso Rocha de Barros: Né? Exatamente. Exatamente.
Fernando de Barros e Silva: Casca de Bala arrasando. Para os anais, as previsões eleitorais são do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no programa Direto ao Ponto da Jovem Pan.
Ana Clara Costa: O cara das trusts na Suíça. Trust não é conta.
Celso Rocha de Barros: Ele não era, ele não era dono da conta. Ele era beneficiário da Trust.
Fernando de Barros e Silva: Bom, depois deste momento glorioso do Celso, vamos então para o Correio Elegante, o momento de vocês, o melhor momento do programa. A gente fica feliz aqui. Eu vou começar então lendo um e-mail da Laura Brito, diz ela: “Já ouvi tantas histórias de amor nesse correio elegante que decidi implementar uma política de presente de casamento ao invés de dar mais um jogo de taça ou mais um aparelho de foundue, gosto de presentear o casal com uma assinatura da piauí. Pensa: incentivar o novo casal a ouvir o Foro juntinho no sábado, fazendo faxina, e ainda comentar as reportagens da Ana Clara no café da manhã de domingo”.
Ana Clara Costa: Uau!
Fernando de Barros e Silva: “Um sucesso para o relacionamento.”
Ana Clara Costa: Concordo.
Fernando de Barros e Silva: “Digo isso com conhecimento de causa, já que estou prestes a completar 15 anos de casada e sempre com a assinatura em dia. Não falta assunto, não falta interesse. O problema é que não existe como dar a assinatura de presente. Você tem que fazer um cadastro meio fantasma com o e-mail do presenteado e torcer para não dar errado. Façam a modalidade assinatura presente. Vamos fazer igual e incentivar esses casais apaixonados e esses amigos engajados a se presentearem com a assinatura da revista. Amo vocês!” Poxa vida Laura, a gente também te ama né gente?
Ana Clara Costa: Não é publi viu galera?
Fernando de Barros e Silva: E caramba Laura, depois de uma cartinha dessa não tenho nem roupa para ler essa cartinha. Beijo para você!
Celso Rocha de Barros: Muito legal! Valeu, Laura!
Ana Clara Costa: No Spotify, a Débora Rubim postou: “Eu e meu marido, André, somos ouvintes desde o primeiro ano do programa, com direito a imitação do Jair feita por André no episódio 51. Pois 100 episódios depois, no dia 21 de maio de 2021, não pudemos ouvir o programa porque às 10:22 daquela sexta feira nasceu nossa filha Pilar e agora, quatro anos depois, ela nos acompanha ouvindo o Foro durante as atividades domésticas. Então, queríamos pedir um feliz aniversário para ela e pedir pela criação do forninho para os pequenos teresiners.” Ah, que coisa mais fofa, Débora! Muito obrigado.
Celso Rocha de Barros: Feliz aniversário, Pilar. Um beijo para vocês!
Fernando de Barros e Silva: Feliz aniversário, Pilar. Parabéns!
Celso Rocha de Barros: Seus pais são legais.
Ana Clara Costa: Eu concordo com o forinho, mas teria que ser notícias menos cruéis.
Celso Rocha de Barros: Pelo amor de Deus, vai traumatizar as crianças tudo.
Fernando de Barros e Silva: Vida longa a Pilar e põe ela para assistir uns desenhos inteligentes em vez de ficar ouvindo o Foro.
Celso Rocha de Barros: O Felipe Gurman Schwartz nos mandou o seguinte e-mail: “Durante a já distante pandemia, minha mãe, Adriana, pediu indicação de podcast para escutar nos seus longos treinos de corrida de sábado. Não titubeei: Foro de Teresina. De lá para cá, todo sábado repercutiam os nossos treinos e as coisas não tão boas e novas trazidas. E neste domingo minha mãe vai para seu grande desafio a maratona Conrades… Serão? Ah, não, não é possível. Serão 90 quilômetros correndo na África do Sul. Caramba! Adriana, humilhou muito Adriana. Queria então pedir que vocês mandassem votos de boa prova, pois ela com certeza estará escutando em algum momento das intermináveis horas correndo.” Adriana, boa prova para você, minha eterna admiração e inveja. Não é possível! 90 km!
Ana Clara Costa: Mas não é revezamento, gente?
Celso Rocha de Barros: Acho que não. Acho que são aquelas ultramaratonas.
Fernando de Barros e Silva: São duas maratonas…
Ana Clara Costa: O ser humano é capaz?
Fernando de Barros e Silva: Mais de duas maratonas, 90 km.
Celso Rocha de Barros: São mais de duas maratonas.
Fernando de Barros e Silva: Como chama a nossa corredora?
Celso Rocha de Barros: Rapaz, Adriana.
Fernando de Barros e Silva: Adriana, boa sorte! Feliz corrida! Vai dar para ouvir o Foro, vários episódios. A gente teria que gravar um programa especial para você.
Celso Rocha de Barros: Dá para ouvir o Foro, aquele Xadrez Xerbal que tem uns episódios de sete horas.
Fernando de Barros e Silva: Exato.
Celso Rocha de Barros: Emenda aí o Medo e Delírio, O Assunto, todo mundo.
Ana Clara Costa: É, o Foro, emenda o foro com o discurso do Fidel Castro. Você vai acabar com isso. Vai acabar o discurso antes de acabar a corrida.
Ana Clara Costa: Bom, vamos encerrando o programa de hoje por aqui. Se você gostou, não deixa de seguir e dar five stars para a gente no Spotify. Segue no Apple Podcast, na Amazon Music. Favorita, na Deezer e se inscreva no YouTube. Você pode também encontrar a transcrição do episódio no site da Piauí. Foro de Teresina é uma produção da Rádio Novelo para a revista Piauí. A coordenação geral é da Bárbara Rubira. A direção é da Mari Faria, com produção e distribuição da Maria Júlia Vieira. A checagem é do Gilberto Porcidônio. A edição é da Bárbara Rubira e do Thiago Picado. A identidade visual é da Amanda Lopes. Finalização e mixagem são do João Jabace e do Luís Rodrigues, da Pipoca Sound. Jabace e Rodrigues, que também são os intérpretes da nossa melodia tema. A coordenação digital é da Bia Ribeiro, da Emily Almeida e do Fábio Brisola. O programa de hoje foi gravado na minha casa, em São Paulo, e no Estúdio Rastro, do Danny Dee no Rio de Janeiro. Eu me despeço então dos meus amigos. Tchau, Ana.
Ana Clara Costa: Tchau Fernando, Tchau pessoal.
Fernando de Barros e Silva: Tchau Celso.
Celso Rocha de Barros: Tchau, Fernando. Até semana que vem.
Fernando de Barros e Silva: É isso gente! Uma ótima semana a todos e até a semana que vem.
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